12 dezembro, 2010

Homens. Mulheres. Vida animal.




Cada vez mais me parece que há uma linha muito ténue entre viver na savana e viver numa cidade. Entre ser bicho e ser um gajo. Tenho vindo a desenvolver uma teoria que consiste em encontrar paralelismos entre certos animais, os seus comportamentos, e os gajos/as.

Comportamentos direccionados para o sexo oposto, com intuito de copular.

Os machos.

- O abutre.

À semelhança do animal que o inspira, é um necrófago. Sente-se atraído por gajas em avançado estado de decomposição emocional. Quando pressentem que uma tipa se separou recentemente e se encontra fragilizada, surgem logo, cheios de carinho e compreensão, com o espiríto "I'm here for you". Seguem-se os habituais: "epá, bola para a frente", "tu mereces melhor", "como está o teu cãozinho?", "se precisares de desabafar, podemos ir tomar um café", etc.
Está bom de ver que toda esta boa vontade se desvanece a partir do momento em que se coloca a bandeira na lua. O que não percebo é como a mulherada (ainda) não topou este esquema foleiro. Shame on you boobie packers.

- A hiena.

Ninguém simpatiza com hienas. Têm aquele ar marreco, pulguento e parvo. E estão sempre a tentar roubar as presas aos outros. E é aqui que surgem as semelhanças - são os tipos que se sentem irresistivelmente atraídos pelas presas alheias. Bem sei que as hienas também são necrófagas, mas com nuances diferentes dos abutres. As hienas não esperam sempre que a morte ocorra, vão dando umas mordidelas furtivas, de surra, enquanto a presa ainda esperneia na boca do leão.
Os tipos que apelido de hienas são isso: riem-se muito, mordem às escondidas, e adoram tudo o que tu adoras.

- A águia.

Voa lá bem no alto, e usa a sua apuradíssima visão para detectar a presa certa. É o fulano que está na sua vidinha, persegue só o que quer, e não se mete com tudo o que mexe. Mas que sabe usar as asas e a velocidade para se colocar em fuga a toda a brida, quando se depara com um coelhinho danificado cerebralmente, ou com travo a azedo.

- O pavão.

Os pavões são galos glorificados, vestidos de drag queen, que incham e dão nas vistas facilmente. O homem pavão é aquele que quando na presença de fêmeas, incha e tenta fazer-se notar de uma forma pateta. Regra geral, como qualquer ave, tem um cérebro pequeno. Começam 98% das frases com a palavra: "Eu". Gabam-se incessantemente das suas conquistas, sendo que 90% não existiram.

- O papagaio.

Geralmente inofensivo. Falam, falam, falam até que se tornam inaudíveis. Tendem a repetir em voz alta uma piada ouvida entredentes - em grupo - feita por outro mamífero. Começam 98% das frases com a palavra: "Eu".
Gabam-se incessantemente das suas conquistas, sendo que 90% não existiram.
Da família do pavão.

- A orca.

Têm aquele ar redondinho e amigável, mas são maquievélicas. Mordem, atiram ao ar, deixam fugir, capturam de novo, e finalmente, matam. Estamos a falar de sentimentos, claro está.

As fêmeas.

- A gata.

As gatas são muito independentes. Fazem aquele ar super amoroso, ronronam, roçam-se e subjugam-nos com tamanha fofura, misturada com sensualidade. Lá acabamos com elas ao colo, a fazer festinhas. Mas de repente, vem o Verão, deixam de ter frio e fogem pela janela da cozinha, à procura de outro colo.

- A sanguessuga.

Simples. Agarram-se a nós, e através da sofreguidão, insistência, e essencialmente neurose aguda, tentam sugar a vida que há em nós. Fulanos há que não resistem e ficam na escuridão para sempre.

- A pomba branca.

Símbolo de paz e harmonia. Toda ela é amor, disponibilidade, e falta de personalidade.
Caga que se farta. Em todo o lado.
O cocó de pomba é corrosivo, está provado.

- A avestruz.

Cabeça enterrada na areia, cú sempre empinado. Mau julgamento.
Gostam de cheirar os gases dos companheiros debaixo das mantas.

- O unicórnio.

Existem sim senhor. São aquelas tipas que fazem aquele ar mete nojo, de intocável, inatingível, que repudiam todos e quaisquer avanços de tipos que elas não considerem como semelhantes.
No entanto, muitas vezes acabam a dormir num estábulo, e não cavalgando nas nuvens a largar cocós violeta, com sabor a goma.

Apercebi-me agora mesmo que poderia continuar. Mas acho que já chega.

Nota do autor: O texto não contempla experiências pessoais, ou referências a pessoas conhecidas. NOT.


12 setembro, 2010

Ir ao cinema


Ponto prévio: Sempre adorei ir ao cinema. De tal forma que a primeira vez que fui me pareceu uma experiência mágica, fui ver o Taran e o Caldeirão Mágico. Hardcore baby! Mas nos anos mais recentes, ir ao cinema tem-se revelado cada vez menos agradável e como tal, menos frequente. E porquê? Porque as pessoas que vão aos cinemas são estúpidas. Ou sou eu que tenho um azar épico, ou vou aos cinemas errados, ou então... não sei. Já tentei de tudo, última sessão, mudar de cinema, etc. Mas apanho sempre pessoal que dá toquezinhos na cadeira, grupos que não se calam, ou pipocas ruidosas ao meu lado. Sou comichosozinho, é um facto. Mas caramba, aquilo é para estar caladinho, sossegadinho, a olhar para o filme. E nestas coisas eu acredito que a minha aversão a estas personagens todas, as atrai até mim, uma espécie de karma sádico. Muitas foram as vezes em que a sala está vazia, vejo chegar pessoas com o perfil indesejado, e onde se vão sentar? Colados a mim, claro. Isto apesar da sala estar completamente vazia. Mas isso são outros quinhentos, o portuguesinho gosta muito de estar juntinho. Já nas praias é a mesma coisa, com 37 km de areal, a família ruidosa e numerosa prefere sempre vir-se enroscar perto de quem já lá está.
Bah! Viva a pirataria, que hoje em dia até em HD já vem.

16 abril, 2010


Já há algum tempo que andava para concretizar esta minha teoria. Cá está ela, concretizada.

22 março, 2010

Este cantinho tem andado adormecido, demasiado até. Viu algum do seu espaço ser roubado por outras plataformas de comunicação mais imediata, e mais parva. Mas não é esse o único motivo, há mais, e mais sérios. O blogue acaba por reflectir o "status quo" da vida de quem nele escreve, pelo menos essa seria a minha ideia. Eu quero escrever, só não sei muito bem sobre o quê. E não é por falta de assunto, é por muitas vezes me interrogar até que ponto se devem partilhar coisas num espaço destes. Até que ponto é idiota desabafar, não sabendo bem quem vai ler, e com a clara sensação que partilhar demasiado do que são os estados anímicos, acaba por ser pateta. Mas lá que sabe bem, sabe. Há algo de confortável no silêncio das palavras que se partilham via internet.

Diria até que pode ser uma boa forma para quem é demasiado autoconsciente, e autocrítico, tentar aprender a lidar com isso, partilhando coisas que são suas, por mais insignificantes que sejam, tentando não ser cerceado por características tão autodestrutivas, asi lo creo yo. (Assim termina o meu plafond de expressões começadas por "auto")

É esse um dos desafios que tenho pela frente, nos dias que correm. Tentar não ser a minha própria kryptonite. É chegada a altura de perder alguns tiques, baixar algumas defesas que no fundo não servem para rigorosamente nada, a não ser não arriscar, a todos os níveis. Todos.

E com isto entenderá o meu caro leitor, qual o estado de espírito reinante. Ora aí está uma primeira partilha.
Sigamos então, um passinho de cada vez, sem olhar para trás.

15 março, 2010

Não tenho muitas certezas na vida, excepto uma: Quando uma coisa corre mal, correm mal mais duas ou três.
Não há hipótese, sempre assim foi, e sempre assim será.