Últimos dias do ano 32. O balanço é fraquinho, não posso afirmar que tenha corrido bem.
No entanto, é de assinalar que:
- continuo independente nas minhas idas à casa de banho.
- consigo dançar e jogar futebol.
- até ver nenhum médico me aconselhou a não beber vinho.
- tenho erecções gloriosas.
- continua a existir boa música.
- há pessoas que gostam de mim.
A viagem continua.
O Falso Lento
14 dezembro, 2012
30 março, 2011
Faz-me um like
O Facebook é, de facto, um fenómeno e pêras.
Tem coisas boas e coisas más. Vou começar a prosa pelas coisas boas.
Uma das coisas que me dá mais gozo é a sensação de "estarmos juntos". Ou seja, é uma forma de não perdermos contacto com uma série de pessoas que, não sendo as mais importantes do mundo para nós, são pessoas de quem gostamos e que nos interessam. É curioso observar os seus percursos, os seus gostos, etc.
Não foram poucas as pessoas que, conhecia "ao de leve", e se vieram a revelar como indivíduos que, afinal, têm muitas coisas em comum comigo. Música, filmes, causas e afins. Mas essencialmente em relação ao sentido de humor, que é das coisinhas mais importantes do mundo.
É curioso verificar como pessoas tão diversas se riem das mesmas coisas que eu, observam pequenos detalhes do dia-a-dia como eu, and so on. Há um qualquer conforto em partilhar risadas. Dou por mim a pensar: "Aquele tipo afinal... deve ser um porreiro" ou "Aquela gaja afinal... tem a sua piada".
E isto foi acontecendo ao longo dos últimos anos, até que de certa forma se cria uma espécie de "tribo". Hoje em dia, à partida, já sei quem são as pessoas que provavelmente vão gostar daquela música, ou se vão rir de uma idiotice que me apeteceu partilhar. E elas sabem o mesmo em relação a mim.
Ainda que, quiçá de uma forma estranha, há relações que criamos quase exclusivamente nesta plataforma. And I see no evil.
Mas também há pontos negativos.
Não raras vezes surge o fenómeno "fulano que f*** o post com um comentário zero". Um tipo publica uma música cheia de pinta e há um gajo que escreve: "Então pá, foste fonêlias?"
Felizmente surgiu o like para os comentários que recebemos. Embora sirva (juro) essencialmente para dizer: "não tenho nada a acrescentar, mas gostei do que disseste", também serve (menos vezes, juro) para "f***-se nem sei o que dizer em relação à m**** que escreveste, mas sinto-me na obrigação de me manifestar".
Temos também os stalkers, que são mais comuns nas walls das mulheres.
O stalker (também pode ser fêmea, claro) gosta de tudo, faz "likes" a tudo, comenta tudo, mas sempre numa onda positiva. No espírito "se eu te fizer buédalikes pode ser que tu te venhas".
Não tenho nada contra o flirt, pá. Até gosto. Mas há pessoal que cai no ridículo. Nunca vi tanto batimento manhoso como observo no Facebook.
Os meus preferidos são os analfabetos, que para agravar o conteúdo do batimento, o fazem com erros ortográficos. "Uau, à muito tempo que não via ums olhus tão locos, e um corpo acim".
O stalker gosta de tudo. Fotos da pessoa a cagar, hip hop, reggae, heavy metal, mensagens políticas, direitos dos animais, das músicas daquele tipo da Rádio Comercial, de bifes, de comida vegetariana, de finais de tarde, do amanhecer, de cavalos, de motas, do Futre, de falar mal do Sócrates e do vermelho.
Há também que faça partilha excessiva. Pessoal que não sabe bem onde traçar a linha do que é "partilhável" ou nem tanto.
"Como se não bastasse estar de caganeira, vomitei-me todo..."
Mas pior do que isto são as pessoas que exageram claramente no que à sua vida sentimental diz respeito. Num dia estão felizes de uma forma enjoativa, no outro tristes que dói.
Variam entre:
"Quero que o mundo todo saiba o quanto te amo bebé. Fazes-me feliz, fazes-me cafuné e gosto do cheiro dos teus puns!"
e:
"Realmente não vale a pena amar, espero que ardas no Inferno. Na cama pareces um saco de batatas."
Caramba, pá. Há formas mais subtis de partilhar as coisas. Mas pensando bem... sem estas figurinhas a coisa perdia alguma piada.
Para finalizar duas espécies deveras irritantes: O Zé Citações e a Maria Feliz.
Não há pachorra para citações se não forem bem geridas. E como é que podem ser bem geridas? Para começar, serem originais e não aquelas que toda a gente repete até à exaustão. E depois, em quantidades mais pequenas.
A Maria Feliz é aquela personagem que todos os dias grita ao mundo:
"Bommmmmmmmm diaaaaaaaaaaaaaa tooooooooooooou tãoooooooo feeeeeeelizzzz outra veeeeeeeezzzz, tal coooomo estaaava oooooontemmmmm e vou estaaarr amanhãaaaaaaaaaa! Tá sooooooool e euuuuuu teeeeenhoooo deeeeeeeeee aaaandaaaar coooom umaaaaa muuuuuda deeee cueeecas porqueeee estooooou seeeeempre tãaaaao feliiiiz queee atéee meee mijoooo".
Ninguém está sempre alegre, Maria. Fuck off.
12 dezembro, 2010
Homens. Mulheres. Vida animal.
Cada vez mais me parece que há uma linha muito ténue entre viver na savana e viver numa cidade. Entre ser bicho e ser um gajo. Tenho vindo a desenvolver uma teoria que consiste em encontrar paralelismos entre certos animais, os seus comportamentos, e os gajos/as.
Comportamentos direccionados para o sexo oposto, com intuito de copular.
Os machos.
- O abutre.
À semelhança do animal que o inspira, é um necrófago. Sente-se atraído por gajas em avançado estado de decomposição emocional. Quando pressentem que uma tipa se separou recentemente e se encontra fragilizada, surgem logo, cheios de carinho e compreensão, com o espiríto "I'm here for you". Seguem-se os habituais: "epá, bola para a frente", "tu mereces melhor", "como está o teu cãozinho?", "se precisares de desabafar, podemos ir tomar um café", etc.
Está bom de ver que toda esta boa vontade se desvanece a partir do momento em que se coloca a bandeira na lua. O que não percebo é como a mulherada (ainda) não topou este esquema foleiro. Shame on you boobie packers.
- A hiena.
Ninguém simpatiza com hienas. Têm aquele ar marreco, pulguento e parvo. E estão sempre a tentar roubar as presas aos outros. E é aqui que surgem as semelhanças - são os tipos que se sentem irresistivelmente atraídos pelas presas alheias. Bem sei que as hienas também são necrófagas, mas com nuances diferentes dos abutres. As hienas não esperam sempre que a morte ocorra, vão dando umas mordidelas furtivas, de surra, enquanto a presa ainda esperneia na boca do leão.
Os tipos que apelido de hienas são isso: riem-se muito, mordem às escondidas, e adoram tudo o que tu adoras.
- A águia.
Voa lá bem no alto, e usa a sua apuradíssima visão para detectar a presa certa. É o fulano que está na sua vidinha, persegue só o que quer, e não se mete com tudo o que mexe. Mas que sabe usar as asas e a velocidade para se colocar em fuga a toda a brida, quando se depara com um coelhinho danificado cerebralmente, ou com travo a azedo.
- O pavão.
Os pavões são galos glorificados, vestidos de drag queen, que incham e dão nas vistas facilmente. O homem pavão é aquele que quando na presença de fêmeas, incha e tenta fazer-se notar de uma forma pateta. Regra geral, como qualquer ave, tem um cérebro pequeno. Começam 98% das frases com a palavra: "Eu". Gabam-se incessantemente das suas conquistas, sendo que 90% não existiram.
- O papagaio.
Geralmente inofensivo. Falam, falam, falam até que se tornam inaudíveis. Tendem a repetir em voz alta uma piada ouvida entredentes - em grupo - feita por outro mamífero. Começam 98% das frases com a palavra: "Eu".
Gabam-se incessantemente das suas conquistas, sendo que 90% não existiram.
À semelhança do animal que o inspira, é um necrófago. Sente-se atraído por gajas em avançado estado de decomposição emocional. Quando pressentem que uma tipa se separou recentemente e se encontra fragilizada, surgem logo, cheios de carinho e compreensão, com o espiríto "I'm here for you". Seguem-se os habituais: "epá, bola para a frente", "tu mereces melhor", "como está o teu cãozinho?", "se precisares de desabafar, podemos ir tomar um café", etc.
Está bom de ver que toda esta boa vontade se desvanece a partir do momento em que se coloca a bandeira na lua. O que não percebo é como a mulherada (ainda) não topou este esquema foleiro. Shame on you boobie packers.
- A hiena.
Ninguém simpatiza com hienas. Têm aquele ar marreco, pulguento e parvo. E estão sempre a tentar roubar as presas aos outros. E é aqui que surgem as semelhanças - são os tipos que se sentem irresistivelmente atraídos pelas presas alheias. Bem sei que as hienas também são necrófagas, mas com nuances diferentes dos abutres. As hienas não esperam sempre que a morte ocorra, vão dando umas mordidelas furtivas, de surra, enquanto a presa ainda esperneia na boca do leão.
Os tipos que apelido de hienas são isso: riem-se muito, mordem às escondidas, e adoram tudo o que tu adoras.
- A águia.
Voa lá bem no alto, e usa a sua apuradíssima visão para detectar a presa certa. É o fulano que está na sua vidinha, persegue só o que quer, e não se mete com tudo o que mexe. Mas que sabe usar as asas e a velocidade para se colocar em fuga a toda a brida, quando se depara com um coelhinho danificado cerebralmente, ou com travo a azedo.
- O pavão.
Os pavões são galos glorificados, vestidos de drag queen, que incham e dão nas vistas facilmente. O homem pavão é aquele que quando na presença de fêmeas, incha e tenta fazer-se notar de uma forma pateta. Regra geral, como qualquer ave, tem um cérebro pequeno. Começam 98% das frases com a palavra: "Eu". Gabam-se incessantemente das suas conquistas, sendo que 90% não existiram.
- O papagaio.
Geralmente inofensivo. Falam, falam, falam até que se tornam inaudíveis. Tendem a repetir em voz alta uma piada ouvida entredentes - em grupo - feita por outro mamífero. Começam 98% das frases com a palavra: "Eu".
Gabam-se incessantemente das suas conquistas, sendo que 90% não existiram.
Da família do pavão.
- A orca.
Têm aquele ar redondinho e amigável, mas são maquievélicas. Mordem, atiram ao ar, deixam fugir, capturam de novo, e finalmente, matam. Estamos a falar de sentimentos, claro está.
As fêmeas.
- A orca.
Têm aquele ar redondinho e amigável, mas são maquievélicas. Mordem, atiram ao ar, deixam fugir, capturam de novo, e finalmente, matam. Estamos a falar de sentimentos, claro está.
As fêmeas.
- A gata.
As gatas são muito independentes. Fazem aquele ar super amoroso, ronronam, roçam-se e subjugam-nos com tamanha fofura, misturada com sensualidade. Lá acabamos com elas ao colo, a fazer festinhas. Mas de repente, vem o Verão, deixam de ter frio e fogem pela janela da cozinha, à procura de outro colo.
- A sanguessuga.
Simples. Agarram-se a nós, e através da sofreguidão, insistência, e essencialmente neurose aguda, tentam sugar a vida que há em nós. Fulanos há que não resistem e ficam na escuridão para sempre.
- A pomba branca.
Símbolo de paz e harmonia. Toda ela é amor, disponibilidade, e falta de personalidade.
Caga que se farta. Em todo o lado.
O cocó de pomba é corrosivo, está provado.
- A avestruz.
Cabeça enterrada na areia, cú sempre empinado. Mau julgamento.
Gostam de cheirar os gases dos companheiros debaixo das mantas.
- O unicórnio.
Existem sim senhor. São aquelas tipas que fazem aquele ar mete nojo, de intocável, inatingível, que repudiam todos e quaisquer avanços de tipos que elas não considerem como semelhantes.
No entanto, muitas vezes acabam a dormir num estábulo, e não cavalgando nas nuvens a largar cocós violeta, com sabor a goma.
Apercebi-me agora mesmo que poderia continuar. Mas acho que já chega.
Nota do autor: O texto não contempla experiências pessoais, ou referências a pessoas conhecidas. NOT.
12 setembro, 2010
Ir ao cinema
Ponto prévio: Sempre adorei ir ao cinema. De tal forma que a primeira vez que fui me pareceu uma experiência mágica, fui ver o Taran e o Caldeirão Mágico. Hardcore baby! Mas nos anos mais recentes, ir ao cinema tem-se revelado cada vez menos agradável e como tal, menos frequente. E porquê? Porque as pessoas que vão aos cinemas são estúpidas. Ou sou eu que tenho um azar épico, ou vou aos cinemas errados, ou então... não sei. Já tentei de tudo, última sessão, mudar de cinema, etc. Mas apanho sempre pessoal que dá toquezinhos na cadeira, grupos que não se calam, ou pipocas ruidosas ao meu lado. Sou comichosozinho, é um facto. Mas caramba, aquilo é para estar caladinho, sossegadinho, a olhar para o filme. E nestas coisas eu acredito que a minha aversão a estas personagens todas, as atrai até mim, uma espécie de karma sádico. Muitas foram as vezes em que a sala está vazia, vejo chegar pessoas com o perfil indesejado, e onde se vão sentar? Colados a mim, claro. Isto apesar da sala estar completamente vazia. Mas isso são outros quinhentos, o portuguesinho gosta muito de estar juntinho. Já nas praias é a mesma coisa, com 37 km de areal, a família ruidosa e numerosa prefere sempre vir-se enroscar perto de quem já lá está.
Bah! Viva a pirataria, que hoje em dia até em HD já vem.
22 março, 2010
Este cantinho tem andado adormecido, demasiado até. Viu algum do seu espaço ser roubado por outras plataformas de comunicação mais imediata, e mais parva. Mas não é esse o único motivo, há mais, e mais sérios. O blogue acaba por reflectir o "status quo" da vida de quem nele escreve, pelo menos essa seria a minha ideia. Eu quero escrever, só não sei muito bem sobre o quê. E não é por falta de assunto, é por muitas vezes me interrogar até que ponto se devem partilhar coisas num espaço destes. Até que ponto é idiota desabafar, não sabendo bem quem vai ler, e com a clara sensação que partilhar demasiado do que são os estados anímicos, acaba por ser pateta. Mas lá que sabe bem, sabe. Há algo de confortável no silêncio das palavras que se partilham via internet.
Diria até que pode ser uma boa forma para quem é demasiado autoconsciente, e autocrítico, tentar aprender a lidar com isso, partilhando coisas que são suas, por mais insignificantes que sejam, tentando não ser cerceado por características tão autodestrutivas, asi lo creo yo. (Assim termina o meu plafond de expressões começadas por "auto")
É esse um dos desafios que tenho pela frente, nos dias que correm. Tentar não ser a minha própria kryptonite. É chegada a altura de perder alguns tiques, baixar algumas defesas que no fundo não servem para rigorosamente nada, a não ser não arriscar, a todos os níveis. Todos.
E com isto entenderá o meu caro leitor, qual o estado de espírito reinante. Ora aí está uma primeira partilha.
Sigamos então, um passinho de cada vez, sem olhar para trás.
Diria até que pode ser uma boa forma para quem é demasiado autoconsciente, e autocrítico, tentar aprender a lidar com isso, partilhando coisas que são suas, por mais insignificantes que sejam, tentando não ser cerceado por características tão autodestrutivas, asi lo creo yo. (Assim termina o meu plafond de expressões começadas por "auto")
É esse um dos desafios que tenho pela frente, nos dias que correm. Tentar não ser a minha própria kryptonite. É chegada a altura de perder alguns tiques, baixar algumas defesas que no fundo não servem para rigorosamente nada, a não ser não arriscar, a todos os níveis. Todos.
E com isto entenderá o meu caro leitor, qual o estado de espírito reinante. Ora aí está uma primeira partilha.
Sigamos então, um passinho de cada vez, sem olhar para trás.
15 março, 2010
16 novembro, 2009
MEOS sacanas
Descobri há tempos que o video clube do MEO está diferente. À primeira vista ninguém concordará comigo, mas se experimentarem ver o trailer de um filme, seguindo os passos habituais, verão do que falo. Não sei se a adjectivação correcta será "rídiculo", "vergonhoso" ou "hilariante". O que sucede é que ao escolher o filme aparece a opção "trailer", "adicionar aos favoritos", e passado um segundo, surge o pop-up do "alugar". Esta opção não é de todo inocente. Isto porque por definição a opção "trailer" está seleccionada à partida, sendo então misteriosamente substituída pela opção "alugar".
O que os sacanas procuram é que os mais distraídos cliquem na opção "alugar", até perceberem que já não há volta a dar. Meu rico Portugali.
O que os sacanas procuram é que os mais distraídos cliquem na opção "alugar", até perceberem que já não há volta a dar. Meu rico Portugali.
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